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O Projeto VEJA (Vivência Educacional de Jovens e Adultos) está sediado na Moradia Estudantil da Unicamp, em Barão Geraldo, Campinas, há mais de dez anos, desde a sua fundação. O objetivo do projeto é ser um espaço de educação de jovens e adultos que abandonaram seus estudos e agora desejam retomá-los. É também uma forma de dar um retorno para a sociedade que sustenta a universidade. Atualmente temos duas turmas, uma para o ensino fundamental e outra para o médio. Contamos com educadores que são alunos da Unicamp nos níveis de graduação, mestrado e doutorado. As aulas ocorrem no CV1 de segunda a sexta feira, das 19 às 22h, e há reuniões quinzenais aos sábados pela manhã (café da manhã no VEJA). IMPORTANTE: O Projeto VEJA não emite certificados, nosso compromisso é trabalhar os conteúdos que serão cobrados nas provas oferecidas pelo estado para fins de certificação.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Refletindo sobre a educação

Achei um artigo bem bacana falando sobre educação e realidade das escolas em Portugal. Se substituímos 'Portugal' por 'Brasil', infelizmente, conhecemos a história muito bem...

Pontos importantes do artigo, que acredito valer sobretudo para a educação de jovens e adultos, dizem respeito a tônica do ensino a partir da 'realidade dos educandos'. As críticas e as ressalvas que o autor faz ao se referir ao ensino secundário em Portugal também se aplicam ao ensino fundamental e médio no Brasil, mas, como eu disse antes, principalmente, ao ensino de jovens e adultos. Não podemos nos deixar enganar de que a realidade dos educandos é o ponto final da educação. Ela deve ser ponto de partida, mas, como educadores, não podemos nos omitir da nossa função de ser responsáveis pela ampliação dos horizontes desses educandos. Muitas vezes já me peguei fazendo a mesma crítica expressa por Loureiro a seguir: "Sucede muitas vezes, temo-o bem, que os professores se demitem (por mais inconscientemente que seja) da sua tarefa de educadores, dado que se utiliza este princípio para não se elevar a fasquia dos conhecimentos e competências, para não se aumentar a diversidade cultural dos alunos, argumentando-se que se deve sempre recorrer às experiências e gostos dos alunos. Isto é uma clara deturpação do princípio. O que o princípio diz é que o professor, em suma, deve interagir com os alunos; não diz que o professor deve limitar-se a responder às experiências e aos gostos dos alunos". 

Principalmente quando os educandos são homens e mulheres que buscam preencher uma lacuna no que respeita a sua formação acadêmica, esses conhecimentos consolidados não podem ser negados a eles sob a pretensa justificativa de que é preciso valorizar a cultura popular. Que é preciso valorizar a cultura popular e despertar os educandos para a importância que esses conhecimentos têm na formação de um povo isso é fato. No entanto, aqueles conhecimentos, muitas vezes rotulados de elitistas, devem ser oferecidos como uma possibilidade de mudança, como um conjunto de saberes do qual eles têm direito de desfrutar. Outra posição diante disso pode denunciar uma hipocrisia mal escondida. Conhecimento é poder! E o conhecimento acadêmico mais do que qualquer outro é porta de acesso ao poder: poder político, poder social.  

 Bom, sugiro o artigo que vocês encontram aqui. A propósito, o título do artigo, Ensino e Infantilização, me pareceu muito apropriado para a crítica que o autor faz ao modelo de educação em vigência em Portugal e também por aqui. Quando nos apoiamos na máxima ou princípio  de que a realidade e as experiências dos educandos devem ser privilegiadas sem conseguir ultrapassar esse lugar que deveria ser mero ponto de partida, em nada contribuímos para a maioridade do cidadão. Simplesmente alimentamos o seu estado atual, e se temos diante de nós homens e mulheres que são tutelados, pelo estado, pela religião ou pela mídia, em nada contribuímos para que ele se torne um sujeito livre e crítico. E então me pergunto, qual é o papel da educação? Espero que possamos conversar sobre isso, aqui no blog ou em futuras reuniões.

(Postado por Fran)

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